quarta-feira, 27 de julho de 2011

TOLOSA A CEGONHA QUE VEIO DE FRANÇA

É com uma grande quantidade indefinida e ao mesmo tempo se torna complexa e confusa o estudo do toponómio desta Tolosa. Não o sabeis lá como que em boa verdade o blog vos diz sem um lá querer e um gosto seu que o nega e o recusa. Somente a vontade tem que a tenhas por certo e a maioria de votos ela pode não estar lá bem certa e ter a razão nesta coisa do toponómio...

Ora lá assim, que continuando, o seu parente Pinho Leal a lealdar "Toloza, é também um appellido nobre d`este reino. Veio da cidade de Tolosa, capital do Languedoc. Trazem por armas - em campo d`ouro, capuz de púrpura floreada, e vazia do campo - élmo d`aço, aberto, e por timbre a cruz do escudo".


Está muita certo. O blog o lá pensa.
Que está muita certa assim o lá pode lá estar a coisa.
Mas meu lá bom amigo, apenas o blog pensa, apenas se assim lho permitires, a capital do Languedoc "Toulouse e Montpellier, ambas as duas reclamam ser a capital do Languedoc"...

Apenas a pergunta e a busca continua... É a graciosa Tolosa...

domingo, 24 de julho de 2011

ALPALHÃO E AS DIOCESES A QUE PERTENCEU

Sob o ponto de vista eclesiástico, a vila de Alpalhão pertenceu à diocese da Guarda até que, a pedido de D. João III e pela bula do Papa Paulo III, Pro excellenti apostolicae sedis, de 21 de Agosto de 1549, que se encontra transcrita a pág. 888 e seguintes do tomo 3.º, parte 1.ª, da História da Igreja em Portugal por Fortunato de Almeida, foi criada a diocese de Portalegre, sendo então, pela mesma bula, desanexadas da diocese da Guarda, em favor da nova diocese, as povoações de Alpalhão (Nisa, Amieira, Vila Flor, Tolosa, Montalvão, Castelo de Vide, Portalegre, Crato, Alter do Chão e outros).

Já em 1278 se tinha celebrado entre o bispo da Guarda e o de Évora uma concordata que se acha no livro original do cartório do Cabido de Évora, segundo refere o Dr. Mota e Moura na sua citada Memória Histórica, parte 1.ª, pág. 25, concordata pela qual ficaram pertencendo à diocese da Guarda, entre outras povoações, Alpalhão, Nisa, Montalvão, Castelo de Vide, Marvão e Portalegre.

Pouco tempo depois, 2m 1295, entre os comendadores dos Templários, D. João Fernandes e D. Gonçalo Gonçalves, e o bispo da Guarda D. Fr. João, celebrou-se a concordata já atrás referida acerca dos direitos episcopais sobre Alpalhão, Nisa e Montalvão.

Da breve crónica dada no aludido Cadastro da população do reino, de 1527, a respeito de Alpalhão, consta que as «as sisas e terças do concelho e a mais renda é do comendador, da qual tem o bispo da Guarda o quinto dos dízimos e deste quinto tem o cabido o terço».

Por ter a vila de Alpalhão como donatária a Ordem de Cristo, era o seu pároco, até à extinção das ordem religiosas em 1834, Vigário e professo dessa ordem, e tinha coadjutor, também professo da mesma ordem, recebendo aquele de renda dois moios de trigo, cinquenta e dois almudes de vinho e seis mil reis em dinheiro, como tudo refere o Padre Luis Cardoso, na obra citada

quinta-feira, 21 de julho de 2011

ALPALHÃO E JOSÉ XAVIER ABELHO

Mas só podia ser natural de Alpalhão!
Aquelas figuras de massa e grandeza ou vultos do passado lá longe ou a nobre gente importante que a notabilidade é um posto que comanda a multidão e terras estas de Alpalhão os também os lá tinha e o professor José Xavier Abelho apenas um deles.

Orgulhava este povo e alguma gente deste povo a fazia e as outras terras a esta vila também trazia e a luz também a doava na mais cerrada escuridão.
Esta personalidade era um distinto latinista. Manteve um colégio muitos anos nesta vila.Manteve um colégio muitos anos nesta vila onde ensinava primeiras letras e humanidades a estudantes na vila e onde ensinava aos de dentro e e a outros de terras algumas mesmo muito distantes que nela também aprendiam.

Foi assim se o blog o pode dizer o continuador das tradições do Vigário-Mendonça, (Padre João de Mendonça Salgueiro) que paroquiou Alpalhão desde 1834 a 1853, e ensinava humanidades também a alunos da terra e de fora.

Mas o professor José Xavier Abelho, esta alma deste Alpalhão deste nosso ser, nascendo nesta terra imensa e vivendo nela muitas dezenas de anos, um pedagogo em outros tempos, a morte o levou a 29 de Janeiro de 1896.A casa, a casa onde o professor Abelho faleceu, no ano de 1899 foi colocada nela uma lápide comemorativa... à rua foi-lhe dado o seu nome na altura citada e o blog não sabe se a coisa no tempo ela mudou e dura nas entranhas do povo...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

GÁFETE FOI VILA

Havia no concelho do Crato um lugar chamado Gaffete, povoação muito antiga.
O seu nome mostra que já existia pelo menos no tempo em que os árabes dominaram a península.
Segundo o censo de 1527, ordenado por D. João III na primeira metade do século XVI, Gáfete era povoação pequena ainda. Diz assim textualmente o livro do número dos moradores: "Termo I - Há uma aldeia que se chama Gaffete, 2 légoas da vila a norte, que tem 105 moradores das quais 16 viúvas e 16 molheres solteyras, que vivem por sy, sam trez e dous crellegos - CV".

No século XVII a população tinha aumentado muito. Durante a Guerra da Restauração os moradores de Gáfete combateram galhardamente os castelhanos.
Como a terra não tinha muralhas, construíram uma trincheira de pedra e assim puderam resistir às investidas dos inimigos que durante 28 anos por todos os meios tentaram dominar Portugal (o lugar onde os Gafetenses construíram a trincheira, é a parte denominada "castelo", certamente por ali terem sido feitas as trincheiras onde foi possível combater os castelhanos obrigando-os a recuar).

Nesse tempo ainda Gáfete não era vila.

Tinha porém já um termo com jurisdição civil, 2 juizes, 2 vereadores e 1 procurador do Concelho.

Tinha além disso 1 Capitão - mor, 1 Sargento - mor, duas Companhias de Ordenanía e 1 Auxiliar, os quais na Guerra da Restauração prestaram bons serviços, quer em campanha quer nas guarnições das povoações vizinhas fortificadas. Reinava D. Pedro II quando da investida do inimigo ao lugar de Gáfete.

Este Rei sabedor do feito dos nossos antepassados, quis recompensar tão valentes homens, mas os nossos antepassados, cheios de amor pela sua Terra, e no desejo de a engrandecer, pediram uma única coisa ao Rei: "que lhes fizesse mercê de fazer Vila ao dito lugar".
Nesta petição a D. Pedro II diziam que "estando o dito lugar junto de Castela, pelo valor com que sempre lhes resistiram". Em vista da informação favorável do Provedor da Câmara de Portalegre, dos Oficiais da Câmara do Crato e do Provedor da Coroa, D. Pedro II concedeu a "mercê" que lhe era pedida, passando o respectivo Alvará em 20 de Dezembro de 1668, precedendo o pagamento de 56$000 réis.

(Notas recolhidas pelo professor Viriato Nunes Crespo, através do professor Manuel Subtil (Torre do Tombo 105 Gaveta 5 - Março 1, nº 47))
http://aaccrato.no.sapo.pt/gafethst.htm

terça-feira, 12 de julho de 2011

ALPALHÂO e FRANCISCO MORATO ROMA

Na Igreja Matriz de Alpalhão está sepultado o dr. Francisco Morato Roma, que foi médico da Casa Real e do Santo Ofício de Lisboa.
Tal facto levou alguns a supor que ele fosse natural de Alpalhão.
A verdade, porém, é que ele era natural de Castelo de Vide, como consta da sua matrícula universitária em Coimbra, onde aliás figura o nome de Francisco Morato.
Explica-se que fosse sepultado em Alpalhão por ser cavaleiro da Ordem de Cristo e cujo Mestrado esta vila pertencia.

Da campa sepulcral consta ter falecido em 11 de Janeiro de 1670.
A indicação do dia pontual do seu nascimento não se reconhece, apenas se sabe, o ano do seu nascimento foi em mil quinhentos e oitenta e oito.

O seu pai se sabe que foi João Morato e a sua mãe o foi Maria Calado Roma.

Em primeiras núpcias casou com Isabel Gomes de Alpalhão.
O MAROTO não se ficou por aqui.
A Maria de Andrade do Vale foi a sua segunda mulher e era natural de Guimarães.
A coisa ela não fica por aqui e o nobre doutor volta a casar uma terceira vez, e desta, voltou outra vez a casar com a nativa também de Alpalhão.
O seu nome, a graça dela, Leonor Delicado o seu nome.

Este ser, esta personalidade na Universidade de Évora se foi formar em Filosofia.
Na Universidade de Coimbra os estudos os foi concluir e acabar em medicina.

Volta à sua terra.
Regressa às suas origens.
Em Castelo de Vide, "a Sintra do Alentejo", começou a exercer medicina.
Não foi só nela.
Em todas as terras à volta o seu sucesso suou.
O renome e a opinião pública a conquistou.
O seu sucesso ao Duque de Bragança D. Teodósio chegou e em mil seiscentos e dezanove o nomeia médico no paço ducal de Vila Viçosa.
O seu filho, o futuro rei D. João IV, o confirma também no cargo, que quando é aclamado rei em Dezembro de mil seiscentos e quarenta o leva para a corte como médico da Real Câmara.

É autor da "Luz da Medicina prática, racional e metódica, Guia de Enfermeiros, Lisboa (1664)", dividida em três partes, com novas edições em Coimbra e Lisboa.

O amigo, o nobre ser, talvez também um "João Semana" em outros tempos antigos e modernos, este médico morre a onze de Janeiro de mil seiscentos e setenta e oitenta e dois anos...

sábado, 9 de julho de 2011

O CASTELO DE ALPALHÃO

Muito preocupado com a defesa do país, o rei lavrador construiu por todo o reino numerosas fortalezas, e reforçou ou reedificou muitas das já anteriormente existentes, compreendendo-se assim que transformasse em Castelo o quartel ou posto militar que era aquele mosteiro dos Templários.

Num códice quinhentista existente na Torre do Tombo, o Livro das Fortalezas que são situadas no extremo de portugal e Castela, trabalho de Duarte d´Armas, feito por ordem de D. Manuel I, encontra-se a planta e dois desenhos à pena com as prespectivas do castelo de Alpalhão, tirada uma na banda do sudoeste e a outra de noroeste.

Dessa planta, (...), de tais desenhos se vê que no tempo do rei venturoso, a fortaleza de Alplhão se encontrava em bom estado de conservação. isto mesmo é confirmado pelo que se lê no Cadastro da população do reino, (actas das comarcas de entre Tejo e Odiana e da Beira), mandado organizar por D. João III em 1527 e publicado em 1931 por Magalhães Colaço, - no qual se diz, com referência a Alpalhão, que "tem um bom castelo e dentro bom aposentamento".

A fortaleza era de forma rectangular, quási quadrada, tendo no ângulo de sudoeste a torre de menagem, também rectangular, com doze varas de altura e três andares ou pavimentos.
Em cada um dos três restantes ângulos tinha um cubelo, de forma circular, abobadado, com a altura de oito varas.
A espessura dos muros laterais era de uma vara e um pé, sendo a sua altura de cinco varas.
A torre de menagem comunicava com os aposentos sobradados destinados à residência do alcaide.
Nessa torre, nos cubelos e em volta nos muros havia um grande número de troneiras ou bombardeiros, que eram aberturas por onde, nas horas de luta, se disparavam os tiros de artelharia.

Em volta da fortaleza acumulava-se, pelo nascente, sul e poente, o casario da povoação, e ao norte erguia-se a igreja de estilo românico que já nesse tempo se encontrava onde está a actual matriz.

D. João IV mandou guarnecer a vila de muralhas que ficaram concluídas em 1660 (data indicada por pinho Leal) e, portanto, já no reinado de D. Afonso VI, visto aquele ter falecido em 1656.tanto as muralhas como o castelo foram destruídos, existindo hoje ainda algumas ruínas.
Tal destruição, senão total, pelo menos na sua maior parte, deve ter ocorrido em Junho de 1704, quando da Guerra da Sucessão, o exército franco-espanhol, comandado pelo Duque de BerwicK, e acompanhado pelo próprio Filipe V de Espanha, saindo de Castelo Branco em direcção a Portalegre, pessou por Alpalhão, procedendo o exército invasor em relação a esta vila da mesma forma que procedeu para com a vila de Nisa onde destruíu, segundo refere o Dr. Mota Moura, na sua Memória Histórica, algumas torres do castelo e parte das muralhas, queimando ainda quase totalmente o cartório da Câmara, - tanto mais que Alpalhão não podia deixar de ser ocupada militarmente (tal como sucedeu a Nisa, onde parte das tropas se demorou uns quinze dias), já porque era também vila fortificada, já porque ficava a quatro léguas de Portalegre que capitulou a 9 de Junho, e a três de Castelo de Vide que se rendeu a 25 do mesmo mês, e onde as tropas inimigas, com o próprio Filipe V, permanrceram dezoito dias, como refere César Videira na Mémória Histórica desta Vila.
in "Joaquim Dias Loução, A Vila de Alpalhão - sua história e sua importância".

quarta-feira, 6 de julho de 2011

ALPALHÃO E O SEU MOSTEIRO

Nos Finais do séc. XII já existia junto da povoação de Fresno um mosteiro ou preceptório dos Templários, o mosteiro de Alpalhão ao qual se refere um documento de 1198, a doação da herdade Açafa (Rodão), feita por D. Sancho I à Ordem do Templo (Herculano , História de Portugal, edição de 1915, tomo 3.º pág.341).

Este mosteiro ou preceptório era, como todos os mosteiros dos Templários, monges-soldades em constante guerra com os mouros, uma espécie de quartel ou posto militar (Confr. Pinho Leal, in Portugal antigo e moderno, vol. 6.º pág. 9, onde, na notícia referente a Nabândia, diz; " era o quartel ou mosteiro dos Templários...).

E compreende-se que os cavaleiros do Templo, já senhores do castelo de Ferron e Vila Velha de Ródão, tivessem estabelecido em Fresno, lugar Fronteiriço, esse mosteiro ou quartel, não só como guarda avançada da sua acção militar e atalaia para melhor defesa dos seus castelos, mas ainda porque os lugares tinha para eles importância estratégica, visto que por ali passar a velha estrada romana que conduziz a Abrantes e cujo domínio e vigilância convinha aos Templários assegurar para mais fácilmente defenderaem a navegação do Tejo que era uma das preocupações da Ordem.

Fundado o mosteiro ou quartel, compreede-se também que naqueles tempos de guerra permanente e dada a importância da Ordem, ele se tornasse o centro da qual girava a vida da população e o ponto de referência porque o local de Fresno passaria a ser mais conhecido, e assim se explica que, com o andar dos tempos, o nome de Alpalhão, dado ao mosteiro, se estendesse também à povoação, mórmente depois que esta foi doada aos Templários.

O certo é que a povoação figura já com o nome de Alpalhão numa concordata feita em 1295 entre o bispo da Guarda e os comendadores dos Templários, D. João Fernandes e D. Gonçalo Gonçalves, sobre os direitos episcopais, concordata essa que também mostra já então a vila à Ordem do Templo e, sob o ponto de vista eclesiástico, à diocese da Guarda.

Tal concordata consta da História d, a Ordem de Cristo , de Fr. Bernado da Costa, a pág. 287.O nome de Alpalhão dado ao referido mosteiro (monasterium Alpalantri, lê-se na citada doação de Açafra) provém talvez do nome do seu fundador ou de algum cavaleiro que nele superintendesse, identicamente ao que deve ter também passado com o nome de castelo de Ferron.

É de presumir que esse mosteiro ou quartel se erguesse no local onde mais tarde (em 1300, segundo o parente Pinho Leal), o rei D. Dinis mandou construir o castelo de Alpalhão, aproveitando assim algumas instalações daquele.

domingo, 3 de julho de 2011

A UMA VILA DE AREZ

O Topónimo Arez, por vezes aparece referenciada como “Ares”, podendo-se relacionar com a interpretação à alusão dos bons ares da localidade. Outra hipótese relaciona-se com o nome romano Arentius (Arentius era identificado como o deus romano Arencio), prendendo-se esta possibilidade com os vestígios existentes da romanização na região de Nisa, especialmente a Nisa-a-Velha. Ainda relacionadas com a ocupação romana existem algumas palavras relacionadas com o nome da aldeia: “Arens”, “Arentis” que significa seco ou árido, e “Aires” e “Ares”, topónimos existentes noutras regiões do mundo romano.

No foral de Marvão de 1226 fala-se já “come Ares”, crendo-se ser um topónimo estrangeiro importado por ocasião do repovoamento e colonização do Alentejo.

A ocupação mais antiga da região situa-se em Vila Velha do Ródão (Pedras Ruivas, acampamento paleolítico de 80 000 anos A.C.). Na região de influência de Arez circularam povoações que se fixaram em comunidades com organização, religião, divisão social de trabalho, usos e costumes, hábitos próprios relacionados com o meio natural envolvente.
Modos de vida que hoje se observam nas manifestações religiosas que são as Antas, na vida quotidiana nos instrumentos de sílex e pedra polida, nos objectos de adorno em osso ou em pedra, nas cerâmicas e mesmo no suporte pictórico de uma arte carregada de carácter simbólico e sagrado como é a Arte Rupestre do Tejo.

Esta arte foi sendo elaborada desde o Paleolítico Superior (10.000 AC) à Idade do Ferro (1.000 A.C). Ainda desde período, mais concretamente a partir do Neolítico (5 000 A.C.), são as Antas que existem no concelho de Nisa (a mais conhecida S. Gens). A presença do Domínio Romano comprova-se pelos materiais encontrados no concelho. Aras, material de construção (os “telhões”, as “pedras d’intigo”, a “caqueirada”), as moedas e alguns utensílios (fragmentos de barro).

Do período posterior, das movimentações de povos do norte, as chamadas Invasões Germânicas e do período de Ocupação Islâmica, temos pouca informação. As populações continuam o seu trabalho quotidiano, muitas vezes indiferente às mudanças politicas, pagando tributos a quem rodava na cadeira das autoridades locais, e assimilando as inovações e ideias que as populações estrangeiras traziam. O sistema de rega ainda usado actualmente não difere muito do utilizado nesses tempos. A nora e a picota devemos às sociedades de Norte de África Islamizados que nos legaram imenso conhecimento.

Após a Reconquista definitiva apresenta-se Arez perante o poder eclesiástico, nos tempos de D.Afonso III (1248-1279), ao bispado da Guarda, até 1278 quando por concordata entre o bispo de Évora, D. Martinho, e o bispo da Guarda, D.Rodrigo, se assentou em que com outras povoações se desmembrasse do bispado da Guarda passando a pertencer a Évora. Após a reforma eclesiástica de 1882, Arez passou a fazer parte do bispado de Portalegre.

Entre os anos de 1198 e 1200, pelo que é indicado na Chancelaria de D.João II, a Comenda de Arez era criada.
Arez teve Foral dado por D.Manuel I, em Lisboa a 20 de Outubro de 1517. Era Comenda da Ordem de Cristo e como tal o pároco era seu freire professo. Num documento relativo às Cortes de Almeirim (1544), apresentado ao monarca D.João III pelos procuradores, são referidas as villas de “…Monte Allvã /Arees /Villa Frol /Alpalhão”.

Em 1704, em consequência da Guerra da Sucessão, a região sofreu prejuízos consideráveis pela passagem de tropas. No Numeramento de 1732 indica-se que Arez tinha perto de 340 habitantes distribuídos de igual forma pelas várias idades da população.
A segunda metade do século XVIII trouxe diversas movimentações militares. Também de 1809 a 1812 a Guerra Peninsular, com as suas tropas napoleónicas, continuaram os prejuízos causados pelos militares. O concelho de Arez era anexado à comarca de Castelo Branco em 1833, bem como os de Montalvão, Alpalhão e Tolosa. Foi o concelho extinto em 1836 pela reforma judicial e definitivamente incorporado na comarca de Nisa em Novembro. Em 1866 Arez tinha cerca de 410 habitantes.

O Século XIX trouxe grande parte das características que toldam ainda hoje Arez. Com a circulação automóvel da segunda metade do Século XX, a estrada nacional que serve Arez viu passar o desenvolvimento à mesma velocidade da dos automóveis, não ganhando nenhuma actividade produtiva, com exclusão de algum pequeno comércio.

A aldeia viu ainda, durante o Estado Novo (década de 40) a criação da Casa do Povo, entidade mais virada para a prestação de cuidados de saúde e assistência em geral. Com o seu fim, viu transferidos os seus serviços para o Posto Médico local. Durante a Idade Média e até meados do século XIX teve “Misericórdia” e “Hospital” que consistia num espaço de tratamento de pequena dimensão, de que não há registo actual de localização.

Entre 1960 e 1991 o decréscimo da população rondou os 40%. A guerra colonial e a Emigração, sobretudo a partir da década de 60, para a Europa e América do Sul, foi a principal causa para este facto, ao que se deve acrescentar a partida de população para os grandes centros económicos onde os empregos ofereciam melhores condições de vida: Lisboa, e cidades em redor, Coimbra, Porto, Portalegre e Castelo Branco, entre outros.

As projecções oficiais para o ano de 2011 apontam para uma população idosa (mais de 65 anos) de cerca de 36% do total, contra 6% de jovens (menos de 15 anos). De facto, Arez, à semelhança de Nisa e do Norte Alentejano, tem visto perder e partir grande parte da sua riqueza humana. Em 1950 o concelho de Nisa possuía 19 920 habitantes, contra 9 864 em 1991.

Actualmente, em conformidade com todo o Norte Alentejano, ocorre um acentuado envelhecimento que caracteriza a sua demografia, pela desertificação e elevado desemprego, pelo progressivo e acentuado abandono dos espaços rurais, mas distingue-se, simultaneamente, inserida Arez no seu concelho de Nisa, pela existência conjunta de recursos e potencialidades que encerra no seu meio. A extraordinária riqueza dos seus valores culturais, históricos, patrimoniais e artesanais, associados a uma atracção turística própria de um meio rural ainda fortemente preservado e de elevada qualidade, tornam o sector turístico um dos eixos estratégicos por onde não poderá deixar de passar o desenvolvimento da região e onde Arez poderá participar de forma activa.

in Arez - Retrato de uma aldeia,  Leitão, Ana Santos; Reis, Ricardo, 2001.https://sites.google.com/site/arezalemtejo/historia