quarta-feira, 6 de julho de 2011

ALPALHÃO E O SEU MOSTEIRO

Nos Finais do séc. XII já existia junto da povoação de Fresno um mosteiro ou preceptório dos Templários, o mosteiro de Alpalhão ao qual se refere um documento de 1198, a doação da herdade Açafa (Rodão), feita por D. Sancho I à Ordem do Templo (Herculano , História de Portugal, edição de 1915, tomo 3.º pág.341).

Este mosteiro ou preceptório era, como todos os mosteiros dos Templários, monges-soldades em constante guerra com os mouros, uma espécie de quartel ou posto militar (Confr. Pinho Leal, in Portugal antigo e moderno, vol. 6.º pág. 9, onde, na notícia referente a Nabândia, diz; " era o quartel ou mosteiro dos Templários...).

E compreende-se que os cavaleiros do Templo, já senhores do castelo de Ferron e Vila Velha de Ródão, tivessem estabelecido em Fresno, lugar Fronteiriço, esse mosteiro ou quartel, não só como guarda avançada da sua acção militar e atalaia para melhor defesa dos seus castelos, mas ainda porque os lugares tinha para eles importância estratégica, visto que por ali passar a velha estrada romana que conduziz a Abrantes e cujo domínio e vigilância convinha aos Templários assegurar para mais fácilmente defenderaem a navegação do Tejo que era uma das preocupações da Ordem.

Fundado o mosteiro ou quartel, compreede-se também que naqueles tempos de guerra permanente e dada a importância da Ordem, ele se tornasse o centro da qual girava a vida da população e o ponto de referência porque o local de Fresno passaria a ser mais conhecido, e assim se explica que, com o andar dos tempos, o nome de Alpalhão, dado ao mosteiro, se estendesse também à povoação, mórmente depois que esta foi doada aos Templários.

O certo é que a povoação figura já com o nome de Alpalhão numa concordata feita em 1295 entre o bispo da Guarda e os comendadores dos Templários, D. João Fernandes e D. Gonçalo Gonçalves, sobre os direitos episcopais, concordata essa que também mostra já então a vila à Ordem do Templo e, sob o ponto de vista eclesiástico, à diocese da Guarda.

Tal concordata consta da História d, a Ordem de Cristo , de Fr. Bernado da Costa, a pág. 287.O nome de Alpalhão dado ao referido mosteiro (monasterium Alpalantri, lê-se na citada doação de Açafra) provém talvez do nome do seu fundador ou de algum cavaleiro que nele superintendesse, identicamente ao que deve ter também passado com o nome de castelo de Ferron.

É de presumir que esse mosteiro ou quartel se erguesse no local onde mais tarde (em 1300, segundo o parente Pinho Leal), o rei D. Dinis mandou construir o castelo de Alpalhão, aproveitando assim algumas instalações daquele.