domingo, 21 de agosto de 2011

A ZONA DE CONFLUÊNCIA DAS DUAS ORDENS RELIGIOSAS EM AREZ

Ares situava-se numa zona de confluência de 2 Ordens Militares Ordem do Hospital como o atesta o marco da Urra.
Em 1232, por doação régia de D. Sancho II, o domínio hospitalário alargou-se consideravelmente para Sul, passando a integrar as vilas de Amieira, Gavião e Crato. As obras promovidas pela Ordem, neste último aglomerado, que viria a ser a sede da instituição, são conhecidas e tiveram lugar imediatamente após a doação de 1232.
No entanto, a vila de Amieira, cuja posse se integra na mesma conjuntura, foi dotada de um castelo já muito tarde, sensivelmente um século depois de passar para as mãos dos Hospitalários. A sua construção ficou a dever-se a Álvaro Gonçalves Pereira, filho bastardo do bispo D. Gonçalo Pereira, prior da Ordem do Hospital e pai do futuro condestável do reino, Nuno Álvares Pereira. Foi, ainda, a este último que se deveu a transferência da sede da Ordem, de Leça do Bailio para o Crato (1356), circunstância que levou toda a estrutura hospitalária para o coração do seu principal domínio fundiário.
O castelo da Amieira explica-se nesta conjuntura renovadora do papel e da acção da Ordem. Três anos depois, D. Pedro I visitou a fortaleza, cujas obras deviam estar já bastante adiantadas, apesar de só terem sido formalmente concluídas em 1362.
O próprio Álvaro Gonçalves Pereira manifestou grande cuidado na construção e evolução deste castelo, aqui falecendo em 1375. De acordo com os estudos de Mário Barroca, que aqui seguimos, o castelo da Amieira é o protótipo de castelo gótico português. O castelo possuía ainda dois níveis de defesa complementar, referidos na documentação do século XIV: um fosso, de que não resta, hoje, grandes vestígios e uma barbacã ao redor da fortaleza, que formava um segundo patamar de difícil transposição em casode cerco. A fortaleza sofreu várias modificações nos séculos posteriores.
Nos reinados de D. João II e de D. Manuel, há referência a obras, provavelmente de adaptação da estrutura às novas exigências da guerra. Simultaneamente, serviu de prisão, função determinada pela excelência do projecto arquitectónico.
Adossada a uma das torres, mas fora das muralhas, a Capela de São João Baptista data de 1556, conforme inscrição sobre o portal principal. Perdida a função militar, pelo afastamento das linhas de fronteira, o castelo decaiu de importância. No século XVIII, grande parte das antigas estruturas estavam abandonadas e parte da fortaleza havia sido adaptada a residências civis. Por essa altura, a torre de menagem foi alvo de um parcial projecto de recuperação, mas pouco mais se fez para reverter a funcionalidade militar de um dos nossos principais castelos góticos.
Em 1232 a vila do Crato é doada aos Hospitalários.
O governo pretendia consolidar a fronteira leste na Beira Baixa e norte do Alentejo e dilatá-la para sul. Hospitalários e Templários lutam de armas na mão pelos marcos das suas propriedades.
Em 1230 estala uma guerra entre o alcaidee concelho da Covilhã contra os Templários de Castelo Branco.
Mas pensamos que nessa zona haveria já um esboço de sistema defensivo”.
Assim, verificamos que a implantação geográfica da vila de Ares, não terá sido por acaso, uma vez que já na Carta de Delimitação do Foral de Marvão, existia a referência à “Turre de Ares”, como forma de identificar o limite e a situação estratégica de vigia, com a existência de uma torre, na zona onde iria servir de divisão às duas Ordens Militares.
"Arez da Idade Média à Idade Moderna: um estudo monográfico Leitão, Ana Cristina Encarnação Santos Tese de mestrado em História Regional e Local apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008 http://catalogo.ul.pt./F/?func=item-global&doc_library=ULBO1&type=O38doc_number=OOO546695
http://hdl.handele.net/1045/1738"
A doação de Belver aos Hospitalários insere-se na política seguida pelo nosso segundo rei de atribuir a esses “profissionais de guerra, que eram os cavaleiros das Ordens Militares, regiões fronteiriças sensíveis, numa altura de ataques violentos levados a cabo pelos Almóadas.